quinta-feira, 10 de junho de 2010

Passado-Presente

Tantos anos sem ouvir um único suspiro, sonhei-te enterrado e que na tua sepultura repousarias em paz. Tantos anos passaram que julguei ter esquecido os traços do teu rosto.
Subestimei-me! Não só hoje te vi emergir do teu sepulcro, como pude visualizar de novo cada sinal do teu vulto. Tremo de medo só de pensar em voltar a cuspir todo o sangue de ontem, em ater o fogo do amor que deixei arder…
Sinto-te mais perto, tão perto que consigo ouvir o bater coordenado do teu coração. A minha cabeça é uma bomba.Sinto um leve respirar ofegante, gelado, no meu ouvido – sei que és tu - sinto-te correr no meu corpo, sinto as tuas palavras como choros do meu coração, sinto o teu sangue fervilhar nas minhas veias, sinto o teu toque arrepiante na minha mão, sinto… PÁRA!
VOLTA PARA O TEU TÚMULO, ACORRENTA-TE AO TEU CAIXÃO E DEIXA-ME LANÇAR A PRIMEIRA MÃO DE TERRA PARA TER A CERTEZA DE QUE TE DEIXO BEM ENTERRADO! LEVA CONTIGO TODO O MEU PASSADO E ESSE TEU RETRATO QUE ME PERSEGUE! Leva contigo todo esse mar de morte, e deixa-me morrer lentamente neste meu presente…

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Lança-me uma faca, deixa-me amputar esta vergonha

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Loucura nostálgica

Como é perfeita esta prisão que me acolhe, como são divinas as suas densas paredes cimentadas, como é encantador este fedor a sacrifício… Como é quente esta chama, já quase extinta, do meu olhar.
Esta agonia, este girar de contradições… E que doce é a demência!
Atira-me a venda, empurra-me por um assustador corredor, acorrenta-me, murmura-me vocábulos recheados de veneno… Chicoteia-me de esperanças, venda-me mais uma vez! Obriga o meu corpo a provar o sabor dos teus lábios, do teu calmo inferno!
Venda-me mais uma vez e seguir-te-ei na minha morte na vida.